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Produtores de leite catarinense estão descartando o produto por não conseguir escoar a produção em função da greve dos caminhoneiros. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa (Faesc) estima que boa parte dos 5 milhões de litros de leite que são tirados para envio às indústrias foram jogados fora nesta quinta.
Em Santa Catarina, segundo a Faesc, entre 70 mil e 80 mil produtores rurais trabalham com a ordenha de vacas e a produção diária de leite no estado é de 8 milhões de litros. Conforme o vice-presidente da Faesc, Enori Barbieri, os 3 milhões de litros restantes são comercializado nas regiões dos produtores, atendendo a demanda interna.
"O aumento no preço do diesel é algo que afeta toda a cadeia, por isso de certa forma apoiamos a paralisação. Entretanto, com o leite é sempre um dos mais afetados. Não tem o que fazer. A vaca precisa ser ordenhada diariamente, às vezes até três vezes ao dia. Só jogando fora mesmo", explicou Barbieri.
Conforme o presidente da Faesc, todas as indústrias do ramo que compram em Santa Catarina estão paradas: Piracanjuba, Tirol, Aurora e Batavo.
O produtor Feliz Morário Júnior é dono de propriedade em Chapecó. Ele tem 82 vacas e produz cerca de 4 mil litros de leite por dia. Nesta quinta-feira (24), ele já estava com mais de 6 mil litros estocados.
Somente nesta manhã, o produtor teve que jogar fora 500 litros. Além disso, parou de receber a bonificação de laticínios para envio do leite e houve diminuição no recebimento da ração.
"Questão de prejuízo está em torno de R$ 1,5 mil. E a gente tem que ordenar essas vacas, além da ração delas que eu vou ter que diminuir, até para diminuir a produção", disse Morário Júnior.
O produtor chegou a tentar doar o leite para hospitais, mas não conseguiu transporte para as unidades e há o perigo da pasteurização. Parte da produção ele conseguiu revender para outro fornecedor, mas com o preço 40% mais baixo do que o usual.
Aves e suínos
Conforme a Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados no Estado de Santa Catarina (Sindicarne) e a Associação Catarinense de Avicultura (Acav), foram diretamente afetados 20 mil propriedades rurais e 20 indústrias de Santa Catarina pela greve dos caminhoneiros.
A Aurora começou nesta quinta-feira (24) uma paralisação de dois dias em Chapecó, por não ter como escoar a produção de aves e suínos. A empresa calcula que os prejuízos chegam a R$ 50 milhões por interromper os trabalhos até sexta (25).
As unidades BRF de Concórdia e Itapiranga também suspenderam o abate. Os criadores que fornecem aves e suínos para a empresa deixaram de receber os insumos. Sem milho, eles não conseguem produzir a ração dos animais.
Fonte: G1 SC
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