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Cinco pessoas devem viajar na tarde desta segunda-feira (27) para ajudar no procedimento de liberação dos corpos da família brasileira encontrada morta em um apartamento em Santiago, no Chile, no último dia 22. A suspeita é que as vítimas tenham morrido após inalação de monóxido de carbono.
De acordo com o advogado Mirivaldo Aquino de Campos, ele e mais dois parentes da família catarinense, bem como dois parentes da goiana Adriane Kruger, embarcam para a capital chilena. O horário de chegada naquele país não foi divulgado.
O Consulado do Brasil no Chile informou que vai dar apoio legal aos familiares e ceder um tradutor para falar com autoridades chilenas. A instituição também não confirmou o horário de chegada da família.
Nesta segunda-feira, foram feitos os últimos exames nos corpos para que sejam liberados para o reconhecimento a partir de terça (28).
Concentração de gás
O chefe da Superintendência de Eletricidade e Combustível do Chile e o comandante do Corpo de Bombeiros de Santiago disseram que só o resultado pericial vai revelar as causas da tragédia. No entanto, a hipótese mais provável foi vazamento de monóxido de carbono no aquecedor de água, que estava ligado à rede de gás.
"Cremos que aqui aconteceram todos os aspectos para ocorrer essa tragédia. Muito frio que obrigava as pessoas a se fecharem dentro do apartamento e não permitir nenhuma ventilação. Artefatos com combustão incompleta que geravam emanação não habitual ou não regular de monóxido de carbono. E por outro lado, desconhecimento dessas pessoas sobre os sintomas, os sinais que o organismo apresenta quando acontece a inalação desse gás", disse o comandante do Corpo de Bombeiros, Diego Velásquez Medrano.
"Nossa experiência como instituição dedicada à fiscalização vemos que mais de 80% dos casos anteriores que foram investigados com monóxido de carbono estão associados à má instalação de aquecedores de água ou mau funcionamento. Portanto neste caso também nossa principal linha de investigação está centrada a verificar a condição que se encontrava esse artefato", completou o chefe da Superintendência de Eletricidade e Combustível do Chile, Luis Ávila.
Investigação
A polícia chilena apura se houve negligência no atendimento à família brasileira. Na sexta-feira (24), os Carabineiros do Chile, que equivalem à Polícia Militar, admitiram que houve demora para socorrer as vítimas e abriram uma investigação interna para apurar se houve negligência de um subtenente.
Por volta das 13h, horário local, Fabiano de Souza, uma das vítimas, telefonou para os Carabineiros informando que todos estavam passando muito mal e pediu por ajuda. O subtenente foi fazer o atendimento, mas não encontrou o endereço.
Cerca de quatro horas depois, o cônsul adjunto do Brasil fez contato com os Carabineiros e desta vez eles foram até o local. Porém, a família já estava morta. Eles chegaram por volta das 17h ao apartamento. A porteira do prédio, Maria Luiza, confirmou a informação.
Todas as informações da investigação dos Carabineiros serão disponibilizadas para o Ministério Público chileno.
Liberação dos corpos
Os corpos devem ser liberados para o reconhecimento na terça-feira (28). O advogado Campos também disse que a partir daí começam os trâmites junto aos governos chileno e brasileiro para o traslado e as preparações na funerária. Esses procedimentos devem levar de cinco a sete dias, ainda segundo o advogado.
Portanto, os corpos devem chegar em uma semana ao Brasil. O traslado será pago pela empresa Airbnb, que alugou o apartamento para a família e que também presta assistência aos responsáveis por oferecer o local — a identidade do locador não foi revelada.
A família havia informado que pretende fazer velório coletivo em Biguaçu, na Grande Florianópolis.
Vistoria
O apartamento alugado pela família estava sem vistoria há 15 anos, segundo reportagem da NSC TV. Conforme os moradores, a construção tem mais de 50 anos. O encanamento de gás natural foi feito anos atrás, mas o espaço locado pelos brasileiros não recebeu essa estrutura.
Funcionários do Serviço de Eletricidade e Combustível (SEC), órgão estatal chileno responsável por avaliar as condições das edificações, atribuem selos de certificação nas cores verde, bege e vermelho, de acordo com o funcionamento hidráulico, elétrico e de gás.
De acordo com o SEC, o imóvel tinha selo vermelho e, por isso, não estava em condições adequadas para ser alugado.
Vítimas
Um casal e os dois filhos adolescentes moravam no Balneário de São Miguel, em Biguaçu, na Grande Florianópolis. O segundo casal, formado pelo irmão e a cunhada da mãe da primeira família, residia em Hortolândia, no interior de São Paulo, desde 2016. As vítimas são:
* Fabiano de Souza, 41 anos (pai dos adolescentes e marido de Débora. Trabalhava como pedreiro e pescador);
* Débora Muniz Nascimento de Souza, 38 anos (mãe dos adolescentes e mulher de Fabiano. Trabalhava como coordenadora pedagógica em uma creche no bairro Estreito, em Florianópolis);
* Karoliny Nascimento de Souza, 14 anos (filha de Fabiano e Débora. Completaria 15 anos nesta semana e estudava no 1º ano do Ensino Médio, em Florianópolis);
* Felipe Nascimento de Souza, 13 anos (filho de Fabiano e Débora. Estudava no 9º ano do ensino fundamental, em Biguaçu);
* Jonathas Nascimento, 30 anos (catarinense, irmão de Débora e marido de Adriane, que residia em Hortolândia. Era chefe do Departamento Pessoal do Instituto Adventista de Tecnologia e estava de férias);Adriane Kruger (goiana, mulher de Jonathas e morava em Hortolândia. Era formada em engenharia civil).
A família estava em Santiago para comemorar o aniversário de Karoliny, que completaria 15 anos no dia 24 de maio. Uma das vítimas também estava de férias.
Fonte: G1 SC
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