Cerca de 35% das ligações atendidas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Sergipe no primeiro semestre de 2018 não resultaram em atendimento por serem engano ou trote. O balanço dos registros feitos de janeiro até junho deste ano pela Central de Regulação do Samu, através do número 192, aponta que foram recebidas 166 mil ligações, das quais 25,7 mil eram trotes e pouco mais de 30 mil foram por engano.

e comparados com o mesmo período de 2017, há uma redução pela metade do número de ligações falsas passados ao serviço. Apesar disso, os prejuízos financeiros e atraso no tempo de resposta a um atendimento continuam ocorrendo.

Quando o trote é reconhecido ainda no processo de atendimento por telefone as ambulâncias não são liberadas pela Central de Regulação. Mas, se o usuário for convincente, o trote só é descoberto quando o veículo chega ao local indicado na ligação. Nesses casos, as ambulâncias acabam sendo ocupadas por até uma hora.

“Deslocamos sempre as unidades que estão mais próximas do local, o que pode demorar entre 15 minutos e uma hora para o socorro. Temos o atendimento com tempo dependente, onde cada minuto perdido pode diminuir em 10% as chances da vítima sobreviver”, disse Ronei Barbosa, coordenador do Núcleo de Educação Permanente do Samu (NEP/Samu 192 Sergipe).

Prejuízos

Os trotes acabam ocupando as linhas telefônicas e se alguém que realmente precisar do serviço tentar entrar em contato pode encontrar os telefones ocupados, e isso gera um atraso para o atendimento a uma ocorrência real. Em um curto espaço de tempo tem pessoas que realizam vários trotes”, disse Ronei.

Segundo estatísticas do Samu Sergipe, o custo médio para cada saída da Unidade de Suporte Avançado do Samu (USA) é de R$ 3.500, enquanto para uma Unidade de Suporte Básico (USB) é de R$ 200. Recursos que deveriam ser utilizados para o atendimento de um paciente necessitado de assistência pré-hospitalar móvel de urgência.

“Com cada equipe liberada após um trote temos o gasto com combustível, equipamentos e materiais que preparamos. Existem medicações e materiais que são abertos para atender a vítima de prontidão e muitos deles não podem ser reutilizados. Além disso, tem a questão do estresse dos envolvidos”, completou o coordenador.

ConscientizaçãoDesde 2015 a campanha ‘Sou Amigo do Samu – Não passo trote’ realiza atividades em escolas, centros comerciais e até no trânsito, abordando crianças, jovens e adultos sobre a prática criminosa. A ideia do Núcleo de Educação Permanente do Samu (NEP/Samu 192 Sergipe) com esse tipo de ação é conscientizar a população sobre a importância do Samu.

“A GENTE SABE QUE ISSO É UM INVESTIMENTO COM RESPOSTA A LONGO PRAZO PORQUE A IDEIA É FORMAR FUTUROS CIDADÃOS MAIS CONSCIENTES COM SUA RESPONSABILIDADE.”

“Nas campanahs não abordamos somente o trote, mas a importância do Samu para a sociedade e os prejuízos acarretados com esse tipo de atitude. Percebemos que quando elas são realizadas acontece uma diminuição nos números desse tipo de ligação”, disse Ronei Barbosa, coordenador do NEP.

“Acreditamos muito no processo de conscientização, mas é importante ressaltar que medidas punitivas também são adotadas. Se registramos que um número específico de telefone passa um grande número de trotes o encaminhamos para a policia tomar as medidas judiciais cabíveis”, completou.

O trote aos serviços de emergência é um crime previsto no Código Penal. Quando identificado, o autor pode ser enquadrado no artigo nº 340 do Código Penal por falsa comunicação de crime ou de contravenção, cuja pena é a prisão de um a seis meses ou multa.