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A mangaba, fruto de grande importância sócioeconômica para a região Nordeste e o Cerrado brasileiro, tem um banco genético credenciado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) em Sergipe, onde a árvore é símbolo do Estado e um dos maiores produtores do fruto. A função é dupla: garantir a preservação da espécie e abrigar amostras que possuem potencial para uso na indústria e agricultura por meio de melhoramento genético.

O banco genético é uma área de campo onde mudas de mangabeiras são cultivadas em um espaço de 1,5ha do Campo Experimental Embrapa Tabuleiros Costeiros, no município de Itaporanga d’Ajuda, a 28 km de Aracaju. Tem atualmente 307 amostras de plantas de 33 localidades de oito estados brasileiros.


“Quando os pesquisadores descobrem que a planta está em área de risco, ou pode ser usada para estudos de melhoramento genético, nos mandam o fruto maduro. Aqui, fazemos o beneficiamento da semente, produzimos a muda e fazemos o plantio no BAG”, explicou o técnico agrícola da Embrapa, Cléverson Matos. BAG da Mangaba é o nome científico do banco genético – Banco Ativo de Germoplasma da Mangaba.


Mangaba é Planta do Futuro, atesta Ministério do Meio Ambiente

.Além da importância ecológica social e econômica, a mangaba é considerada Planta do Futuro pelo MMA por promover a biodiversidade nativa, valorizar o trabalho das comunidades locais e criar novas oportunidades de investimentos para o agronegócio.
Por essas razões, a mangabeira e outras 674 plantas no país (162 no Nordeste) vêm sendo estudadas prioritariamente pela Embrapa, empresa vinculada ao Ministério da Agricultura.
“O banco conserva uma enorme variabilidade genética de mangaba. Em nossas pesquisas, já identificamos resultados práticos muito interessantes, como acessos com elevado teor de vitamina ‘C’, plantas que produzem com muita precocidade e também indicações de plantas com alto teor de flavonoides”, citou o pesquisador da Embrapa e curador do BAG da Mangaba, o engenheiro agrônomo Josué Francisco da Silva Júnior.
Devastação ambiental está acabando com as mangabeiras

No Brasil, a cultura da mangaba é 90% extrativista, segundo a Embrapa, mas os locais de extrativismo da fruta foram desaparecendo para dar lugar a outras culturas e à especulação imobiliária.

Segundo o Mapa do Extrativismo da Mangaba de Sergipe, entre 2010 e 2017, o Estado perdeu 30% da área de ocorrência de mangaba. Nesse mesmo período, a produção em Sergipe caiu pela metade e passou de 401 toneladas em 2010 para 206 toneladas em 2017, perdendo o status de primeiro produtor da fruta para a Paraíba com 304 toneladas.

“A mangaba não está em risco de extinção, mas em erosão genética” ressalta Josué Júnior. Erosão genética é a redução da variabilidade causada pela devastação do ambiente em que a espécie está inserida.

Segundo o pesquisador, há no parque amostras que já não existem mais no local de origem e outras que correm risco de desaparecerem. “No Cerrado, o risco está na cultura da soja. No Nordeste, a especulação imobiliária para o turismo e o plantio de eucaliptos são as grandes ameaças”, comentou o pesquisador.

“A cata da mangaba é tradição, é sustento de nossas famílias”“A ciência tem estabelecido parceria entre pesquisadores e as populações tradicionais, sobretudo na preservação do local onde a mangabeira ocorre. O BAG é importantíssimo para guardar materiais de elevada vulnerabilidade e que sejam de interesse das comunidades locais”, disse Josué Júnior.

O BAG da Mangaba surgiu em 2006 e foi credenciado pelo MMA em 2015. Nesse intervalo, as catadoras de mangaba se reuniram e criaram em 2007 o Movimento Catadoras de Mangaba (MCM). A atual presidente do MCM, Alícia Morais, vê o BAG como um grande aliado da preservação da espécie.


Ela, que vem de uma família com tradição na cata de mangabas, está preocupada com o futuro do Movimento e do fruto. “A prática da cata da mangaba é tradicional. Aprendemos com nossos antepassados e daqui tiramos nosso sustento”, externou Alícia.


No dia 12 de abril, ela foi a Brasília participar de uma reunião com o novo Ministério dos Direitos Humanos, Família e da Mulher na ocasião dos 100 dias do Governo Bolsonaro. Alícia Moraes representa o MCM no Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais (CNPCT) e a ideia era levar políticas públicas voltadas para as catadoras de mangaba.


Mas, ela e os 28 representantes do Conselho saíram temerosos com o decreto presidencial que extingue centenas de colegiados da administração federal. “Tememos perder a visibilidade”, disse a liderança. Ela e os demais colegiados conseguiram dois meses para relacionar as atividades exercidas para ver se conseguem se manter. “É uma esperança”, disse.


“O banco é importante porque é pesquisa, é ciência, a Embrapa é parceira, mas precisamos da terra. Precisamos garantir acesso ao território, porque não temos condições de comprar, por isso é importante garantir uma área de reserva extrativista, de preservação, uma de nossas maiores lutas”, disse Alícia.


O supervisor do Campo Experimental, Erivaldo Fonseca Moraes, disse que o acesso das catadoras de mangaba ao campo (não ao BAG) é livre, na medida em que elas ajudam na preservação. “Faz parte, inclusive da política de boa vizinhança”, disse.


Segundo o Mapa do Extrativismo da Mangaba em Sergipe, as mangabeiras ocupam 34 mil ha da restinga do Estado e mais de 5 mil pessoas fazem a cata do fruto em Sergipe.


As extrativistas estão em 72 localidades de 13 municípios sergipanos nas regiões Norte, Sul e na Grande Aracaju.  Para 39% desses indivíduos, a mangaba é a fonte de renda principal da família.


No povoado Porteiras, município de Japaratuba (SE), onde está instalada uma das quatro unidades de beneficiamento da mangaba, estão famílias que sobrevivem exclusivamente da catação do fruto, segundo o Mapa.


“Criei os meus nove filhos com a cata da mangaba, disse Maria Creuza dos Santos, que ainda faz a catação no município da região Norte de Sergipe, onde apenas 13% da população tem emprego, a maioria, na prefeitura.
Mangaba significa“coisa boa de comer”

Segundo Josué Júnior, a palavra mangaba tem origem tupi guarani e significa coisa boa de comer. O nome científico é Hancornia speciosa  e os primeiros registros no Brasil vêm da colonização.  “Um naufrágio no sul da Bahia, no ano de 1554, e os relatos indicam que os padres sobreviveram comendo mangaba”, disse o estudioso.
Nas unidades de beneficiamento, nos municípios de Japaratuba, Barra dos Coqueiros, Indiaroba e Estância, o MCM produz mais de 20 itens. São geleias, balas, biscoitos, licores, entre outros. Um shopping da capital também vende os produtos e, segundo a vendedora Charlotte, têm boa saída.
“Produzimos todos os derivados em padrão único, bem embalados, com selo da Anvisa, da Vigilância Sanitária, com engenheiro de alimentos que nos acompanha. Mas a nossa dificuldade de hoje é a de escoamento”, lamentou a presidente do MCM.


A mangaba in natura é vendida nas feiras livres, nos mercados públicos e às margens das rodovias sergipanas. Maria Cristina Santos vende no Mercado Virgínia Leite Franco, no Centro Histórico de Aracaju. Ela traz do município da Grande Aracaju, Barra dos Coqueiros, povoado Capoão. “Turistas e sergipanos compram muito”, disse a feirante.

A mangaba, também, é bastante apreciada in natura, mas não pode ser consumida verde, pois é tóxica. A fruta de gosto adocicado e que deixa um visgo nos lábios, tem safra de dezembro a julho.


Música de Nino Karvan.


Produção do vídeo: Célia Silva e Fernando Carvalho

 
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