« Voltar
Minas Gerais é o quinto estado com o maior número de cidades com baixa cobertura vacinal contra a poliomielite. Em 24 municípios, a taxa de imunização de crianças com menos de 1 ano não chega a 50%, índice considerado crítico. A situação acende alerta para a possibilidade de novos surtos da doença, que pode causar paralisia e foi erradicada no Brasil em 1990.
Segundo dados do Ministério da Saúde, 312 localidades estão nesta situação no Brasil. O número representa 5,6% do país. A situação é pior na Bahia (63), seguida por São Paulo, Maranhão e Piauí.
Em nota, a pasta federal afirma que a maior preocupação é a “reintro-dução da doença no território nacional”.
De 2004 a 2017 ocorreram surtos em 23 países, o que revela a circulação do vírus em escala global.
Ainda segundo o ministério, o risco de epidemia é estendido a todas as áreas com taxa de imunização abaixo da meta de 95%. O número de cidades nessa situação, no entanto, não foi divulgado.
O quadro preocupa a Secretaria de Estado de Saúde. O último caso em Minas foi registrado em 1987, em Santa Maria do Itabira, na região Leste. Várias ações estão sendo feitas para aumentar a proteção nos locais que não atingiram a meta. Uma delas é a atualização dos cartões de vacinas dos alunos de escolas públicas, conforme nota enviada.
Além disso, estão sendo realizados cursos de capacitação dos profissionais nas regionais de saúde para traçar estratégias capazes de melhorar os indicadores.
Motivos
Não existe uma explicação definida para a redução da taxa vacinal para a doença. Uma das hipóteses é a escassez de casos. “Uma parcela de pais mais novos não conviveu com pessoas que ficaram com sequelas por causa da poliomielite. Até mesmo alguns profissionais de saúde não vivenciaram isso, e não alertam os pacientes sobre os riscos. E a confiança gera essa situação”, afirma o secretário do Departamento de Vacinas da Sociedade Brasileira de Pediatria, José Geraldo Leite Ribeiro.
O médico lembra que ainda não existe tratamento para a versão mais grave da enfermidade, que pode até mesmo levar à morte. “A pessoa dorme bem e acorda com sequelas invencíveis pela medicina”, explica.
Para a infectologista Silvia Hees, as campanhas contrárias à vacinação também trazem impactos negativos. “Está ocorrendo um retrocesso muito grande com divulgação de informações erradas sobre possíveis implicações negativas da imunização. E várias pessoas estão deixando de vacinar os filhos”, afirma.
HD |