O Programa em Rede de Pesquisa-desenvolvimento em Sistemas de Produção com Atividade Leiteira no Noroeste do Rio Grande do Sul – Rede Leite, fez nesta quinta-feira (17/08), uma rodada de capacitações no Noroeste gaúcho. Simultaneamente, ocorreram encontros nas cidades de Derrubadas e Três Passos, no Corede Celeiro, Boa Vista do Cadeado, no Corede Alto Jacuí, e em Catuípe, no Corede Noroeste Colonial.

As capacitações, dirigidas aos extensionistas da Emater/RS-Ascar da região administrativa de Ijuí, mobilizaram seis dos sete Grupos Temáticos da Rede Leite, os GTs Fora da Porteira, Econômico, Forrageiras, Qualidade do Leite, Social e Ambiental.

A rodada de capacitações terá continuidade nos próximos três meses. A proposta de trabalho, de acordo com o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Gustavo Martins da Silva, tem o objetivo de construir novos conhecimentos, a partir dos princípios da Pesquisa-desenvolvimento - enfoque sistêmico, abordagem interdisciplinar, análise dinâmica e participação.



Gênero

Em Catuípe, o debate foi motivado pelo GT Social, que abordou o tema da violência e dominação entre homens e mulheres. “A ideia é debater as coisas que se vê no dia a dia, no campo”, disse o sociólogo da Emater/RS-Ascar, Renato Santos Silva. “Não existe fórmula mágica, mas podemos traçar estratégias”, disse ele.

Para reverter a lógica da dominação, a reflexão é algo essencial. Com o objetivo de qualificar a reflexão dos extensionistas, Silva buscou na história da humanidade as causas da dominação de gênero. O papel social desempenhado atualmente por homem e mulher teria sido construído ao longo dos séculos pela sociedade. “Os comportamentos masculino e feminino não são dados pela natureza, logo há várias formas de ser homem ou mulher, menina ou menino”, disse o sociólogo da Emater/RS-Ascar.

Outro sociólogo da Emater/RS-Ascar, Érico Soares, juntamente com as extensionistas Arnete Mezzomo, Isabel Robaert de Souza e Rosita Hering dramatizaram a história em quadrinhos que viralizou na internet: “Era só pedir”. As situações retratam um ambiente doméstico desigual e injusto, quando uma pessoa do casal espera que o outro faça todas as tarefas de casa.

A desigualdade construída socialmente e não refletida torna-se tão “natural” como o ato de respirar e faz com que as mulheres tenham uma vida muito mais cansativa.

O tema também foi aprofundado pela doutora em Direito e professora da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), Joice Nielson. “Sete em cada dez casas têm violência no Brasil, é uma violência patriarcal (quando a dominação é exercida pelo homem)”, lamentou Joice.

No entanto, a professora da Unijuí não se mostrou fatalista, nem pessimista. “Gênero é uma construção social, se a gente pode construir a gente pode descontruir. Me considero otimista, podemos, por meio do processo de educação e formação, caminhar rumo a uma situação de mais igualdade”, disse Joice.

Casa Familiar Rural

Ainda durante a capacitação o grupo visitou a Escola de Ensino Médio Casa Familiar Rural de Três Vendas, localizada no interior de Catuípe. Estudam na Casa 25 jovens de diversas cidades do Estado. “Esta escola é incrível”, disse a estudante Laiane Ketzer, de Ajuricaba. “Convivemos com pessoas diferentes, a gente não sente falta do celular”, disse outra aluna, Thianny Megolaro, do município de Bozano.

O diretor da escola, Venildo Turra, não tem dúvida: “A Casa Familiar Rural passou a ser uma ferramenta que deu certo”, disse ele. Um estudo feito recentemente com 30 jovens que se formaram na Casa mostrou que 29 deles estão empreendendo na propriedade onde moram.

Durante os três anos em que permanecem na Casa Familiar, os jovens rurais desenvolvem um projeto produtivo que, ao final dos estudos, será avaliado por uma banca.

O ensino é multidisciplinar, abarca temas das ciências agrárias, humanas, da natureza e da linguagem código e suas tecnologias.

Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar - Regional de Ijuí

Jornalista Cleuza Noal Brutti