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Primeira vereadora de Irati, ainda na década de 1960, não constava nos documentos oficiais

A Divisão de Promoção Cultural (Diproc), do campus Irati da Unicentro, realizou o I Fórum da Mulher, que além de trazer como tema a “Participação das Mulheres no Poder Público”, prestou uma homenagem a Avany Caggiano Santos, professora e a primeira vereadora de Irati, eleita em 1963. Fato que até há algum tempo era pouco conhecido, pois nos registros o nome de Avany não constava como vereadora. Foi através de uma pesquisa desenvolvida pela professora Alexandra Lourenço, do Departamento de História de Irati e chefe da Diproc, que esta informação ganhou visibilidade.

“Foi um projeto de pesquisa que realizei em 2013 e 2014 e procurei conhecer quem eram os vereadores e vereadoras de Irati desde a primeira Legislatura, em 1947, até aquela que tinha iniciado em 2012. O que é interessante nessa área da pesquisa é que quando nós levantamos os dados, procuramos na Câmara primeiro, e nos registros constavam seis mulheres vereadoras. E procurando saber mais sobre elas porque queria entrevistá-las, fui conversando com pessoas da cidade até que a senhora Luiza [Nelma Fiilus], Alacs (Academia de Letras, Artes e Ciências do Centro-Sul do Paraná), contou que tinha uma conhecida que disse que tinha sido vereadora, e que era estranho porque, até então, a Câmara só reconhecia a primeira vereadora como sendo em 1983. Assim, fui até a casa dessa senhora, que é a Avany Caggiano Santos, e ela realmente tinha o certificado eleitoral, o diploma de posse pelo Tribunal Eleitoral de 1963, e tinha uma declaração de que ela tomou posse em 68”, explica Alexandra.

A professora conta ainda que a Câmara, que até então só reconhecia que Avany tinha sido eleita suplente, procurou em suas atas das sessões e encontrou o documento oficial em que na sessão do dia 08 de abril de 1968, Avany tomou posse como vereadora e exerceu o cargo durante nove meses. “Foi um grande feito, porque na década de 60, uma mulher ser vereadora no Brasil era algo bastante raro. O caso da Avany marca a história de Irati e faz parte da memória da participação das mulheres na cidade. Enquanto pesquisadora da área encontro tão poucos registros de mulheres vereadoras desta época. Hoje, a Avany tem 88 anos, quando ela nasceu nós mulheres ainda não tínhamos direito a voto no Brasil, e pensar que algumas décadas depois ela seria a primeira mulher vereadora de um município no interior do estado do Paraná. Realmente considero um feito importante dentro da história das mulheres e de resgate mesmo do papel delas nos seus municípios para que não caiam na invisibilidade enquanto atores dessa história”, destaca Alexandra.

Professora, Avany era bem conhecida na cidade no período em que foi eleita. O convite para tentar uma vaga na Câmara Municipal veio do então candidato a prefeito, depois que ela denunciou à imprensa o caso de algumas professoras que recebiam honorários sem trabalhar. Avany recorda que, na época, os vereadores não recebiam pelo trabalho no Legislativo. “Jamais esperava que receberia uma homenagem tão maravilhosa como foi esta. Hoje um filme de longa-metragem passou pela minha memória e estou repleta de saudades e de recordações maravilhosas. Estou muito feliz, porque não esperava que alguém me homenageasse, e como foi falado nos discursos, eu estava às escondidas da história e vocês conseguiram me levantar”, ressalta.

Além de promover o devido reconhecimento à primeira vereadora de Irati, o Fórum destacou a importância das mulheres no Poder Público e a equidade de participação. “Através do tema, o Fórum buscou realizar uma reflexão sobre a importância da paridade das mulheres em todos os setores do poder público e de fato não só. A ideia foi trazer pessoas de diversas áreas da sociedade para virem aqui contar um pouco das suas experiências, ainda que de forma breve, e incentivar as outras mulheres e moças acadêmicas que entendam a importância mesmo de se engajar dentro da vida pública”, complementa a professora Alexandra.

Vice-chefe do Departamento de História de Irati e pesquisadora do Núcleo de Estudos de Gênero, da Universidade Federal do Paraná, a professora Nádia Maria Guariza lembrou que a origem da história das mulheres está associada ao próprio movimento feminista, e ao acesso delas à academia. “A princípio, a história das mulheres vai aparecer como uma subárea dentro da história universal. Foi só no final da década de 80, que começa-se uma discussão em trabalhar a história das mulheres não como um suprimento a história universal, mas usando a categoria gênero, justamente para trabalhar a questão dos papéis sociais atribuídos para masculino e feminino”, salienta.

Já a professora do Departamento de Psicologia, Kátia Alexsandra dos Santos falou das ações que a Unicentro vem desenvolvendo em relação ao combate a violência contra a mulher, e também do Numape (Núcleo Maria da Penha), que terá atuação em Irati e Guarapuava. “O projeto inicia agora em abril e tem como equipe estudantes da área da Psicologia e da Pedagogia, com o objetivo de atuar basicamente em dois eixos. Primeiro, no acompanhamento de mulheres em situação de violência, com o objetivo de que elas possam sair desse ciclo de violência e para isso ter o acompanhamento psicológico e um auxílio na formulação de vínculos. Também atuará no eixo preventivo através de campanhas e de diversas ações centradas na questão da educação pensando mesmo na prevenção da violência”, conclui Kátia.

 

Unicentro

 
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