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Titular do Marítimo, que venceu o Porto no último domingo pelo Campeonato Português, Marcelo Hermes conseguiu deixar os problemas do primeiro semestre para trás. Sem espaço no elenco do Cruzeiro, ele ficou afastado desde o começo do ano antes de se transferir para o país europeu.
“Foi difícil para todo mundo. Fui afastado no começo do Mineiro, mas trabalhei todos os dias e tinha que estar pronto quando as chances aparecessem. Nunca abaixei a cabeça. Na pandemia, voltei para a minha cidade e treinei para não perder a forma física. Quando surgiu o Marítimo, eu estava preparado fisicamente”, disse ao ESPN.com.br.
Criado no interior do Rio Grande do Sul, ele começou em uma escolinha em Passo Fundo-RS e passou um ano base do Internacional – mas não teve chances – antes de ir para o Grêmio, em 2010.
Marcelo subiu para o profissional no fim de 2014 com Felipão, que o colocou pela primeira vez no Gaúcho do ano seguinte, na vitória por 3 a 0 sobre o União Frederiquense-RS.
“Eu só tenho a agradecer ao Felipão porque ele me deu a chance de jogar no profissional. É um cara multicampeão e aprendi muitas coisas.”
Com a saída de Scolari e a chegada do técnico Roger Machado, que jogou na mesma posição que Marcelo Hermes, o jovem ganhou ainda mais espaço.
“Começamos o Brasileiro desacreditados, mas o Roger nos deu muita confiança. Nós terminamos em terceiro lugar e vencemos o Gre-Nal por 5 a 0. Nosso grupo tinha tudo para crescer e vencer títulos”, contou.
Saída do Grêmio
Depois de fazer um ótimo primeiro semestre de 2016, o empresário de Marcelo teve problemas com a diretoria gremista. Acabou afastado do elenco até terminar o contrato e ir para o Benfica, quando rompeu com o agente.
“O empresário que eu tinha me enganou e não me passou a verdade. Aconteceu um imbróglio com o Grêmio e fui em 2017 para o Benfica. Depois, fiquei sabendo o que aconteceu e até entrei em questão judicial com ele”, contou.
“Na época estava em uma fase muito boa, jogando e fazendo gols. O Benfica surgiu quando eu já estava afastado. Meu empresário começava a me enganar, dizia que viriam coisas boas... Quando o Benfica veio, meu irmão entrou na parada, me ajudou e tomamos as rédeas. A gente que negociou. O Benfica é um clube gigante e me ajudou bastante”, afirmou.
“Me arrependo [pela forma como saiu do Grêmio] porque é o clube que torcia desde criança e torço até hoje, mas não dá para chorar pelo leite derramado. É seguir a vida e, um dia, quero voltar como pedido de desculpas pelo que aconteceu, mas penso em crescer no Marítimo”, admitiu.
Por estar afastado, Marcelo perdeu a chegada de Renato Gaúcho e não esteve nas fases finais do título da Copa do Brasil.
Marcelo Hermes chegou ao Benfica na temporada 2016-2017 e foi muito bem recebido pelos compatriotas Luisão e Jonas, que o ajudaram na adaptação ao país.
O lateral atuou mais pela equipe B e entrou em campo apenas uma vez pelo time principal naquela temporada.
“Joguei a última rodada do Campeonato Português como meia. Era o jogo de comemoração do título e empatamos fora de casa contra o Boavista. Foi muito gratificante”, disse o jogador, que participou da festa da conquista.
Com poucas oportunidades no time principal, o brasileiro resolveu deixar o estádio da Luz, em 2018.
“Foi uma experiência muito grande. Amadureci muito como pessoa e jogador. Como não estava tendo muita chance no Benfica, falei com meu novo empresário e resolvemos voltar ao Brasil.”
Marcelo foi contratado pelo Cruzeiro, que vivia grande fase. “Fiz gol na estreia contra o Democrata-MG e comecei muito bem. No decorrer do ano, o Mano ia revezando os jogadores e eu entrava nos jogos. Foi um ano bom para mim porque fazia tempo que não jogava várias partidas seguidas.”
Ele esteve no time que venceu o Corinthians na final da Copa do Brasil de 2018. “A torcida é fanática e vou lembrar para sempre porque Belo Horizonte parecia que era inteiro cruzeirense”.
Em 2019, ele foi informado que seria emprestado ao Goiás, no qual jogou até o final do ano,
“Fiz uma grande temporada. Eu não peguei toda essa confusão que houve no Cruzeiro. É uma pena o que aconteceu, mas tenho certeza de que tudo vai se engrenar e voltar a ser como era antes”, afirmou.
Ao voltar ao Cruzeiro no começo de 2020, Marcelo esperava ter oportunidades, mas foi afastado no começo do Estadual. Com a demissão do técnico Adílson Batista e a volta das atividades após a pausa por causa da pandemia, o lateral-esquerdo foi reintegrado.
“O time começou a contratar muitos laterais. Vi que não teria espaço e tive uma conversa franca com o treinador [Enderson Moreira], que foi bem sincero. Ele me explicou a situação e falei com o empresário para procurar um novo clube”, afirmou.
Marcelo foi contratado pelo Marítimo, da Ilha da Madeira, que joga a elite do Português. O brasileiro mora na terra natal do craque Cristiano Ronaldo.
“É um lugar lindo e o clube é muito bom, com estrutura. Não pensei duas vezes em voltar para Portugal porque já sabia como era. O clima é gostoso e a cidade é muito boa para viver. Aqui tem aeroporto, estátua, museu e lojas do Cristiano Ronaldo. Dizem que nas férias ele corre nas ruas tranquilamente”, disse.
Após três partidas na Liga Portuguesa, o Marítimo é o quinto colocado com seis pontos – venceu o Porto na última rodada.
“Tenho as melhores expectativas possíveis para conseguir os objetivos que o clube deseja. Começamos muito bem o campeonato e estamos no caminho certo. Nosso time é muito bom e bem treinado.”
“Quero fazer uma grande temporada pelo Marítimo e ficar marcado na história do clube. Ainda quero jogar uma Champions [League] e crescer na minha posição”, concluiu.
Fonte: www.espn.com.br/futebol/artigo |