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Próximo de Sartori e um dos principais articuladores da chapa do governador em 2014, Beto tem participado da costura para a manutenção do apoio a tentativa de reeleição do peemedebista, em um desenho no qual lhe cabe uma das duas vagas para a disputa ao Senado. Nesta sexta, porém, ele destacou que o objetivo é estar em uma majoritária competitiva, mas que, no momento, não há tendência definida.
São tensas as horas que antecedem a realização do Congresso Estadual do PSB gaúcho, que ocorre neste sábado, a partir das 11h, na Assembleia Legislativa, e no qual duas chapas pleiteiam o comando do partido no RS. De um lado está o grupo liderado pelo atual presidente e ex-deputado Beto Albuquerque, que concorre à reeleição, encabeçando a Chapa 1, PSB de Raiz. De outro o grupo liderado pelos parlamentares federais José Stédile e Heitor Schuch, a Chapa 2, chamada PSB dos Municípios – Participação e Transparência, que têm Stédile como candidato à presidência. Ao todo, 734 delegados estão aptos a votar. O presidente nacional da legenda, Carlos Siqueira, chega a Porto Alegre no final da tarde desta sexta para participar. No centro da disputa estão as articulações para as eleições de 2018 e a manutenção da liderança de Beto.
O Congresso é o ápice de um embate que se estende há meses, e no qual o grupo liderado pelos deputados tentou, sem êxito, obter o comando da sigla em Porto Alegre, no mês de julho. O grupo dos federais informa que a insatisfação com o atual comando é muito forte nos diretórios municipais, e assegura ter como principal bandeira uma alteração na forma de gerir o partido que, segundo eles, é comandado por Beto com pouco ou nenhum espaço para posições divergentes. O grupo aponta ainda que Beto tem se perpetuado no comando da sigla ou através do próprio nome ou da indicação de partidários que se movimentam sob o seu comando. “Nossa chapa é a que traduz os anseios dos municípios, que têm cobrado muita voz no partido, nas decisões sobre coligações e na ocupação de espaços. Quero ser o presidente que vai ouvir todo mundo, que vai tomar decisões a partir da opinião da maioria. A aliança para o ano que vem, por exemplo, não é automática com o atual governo, vamos fazer o que o partido decidir, e não apenas o que alguns desejam”, diz Stédile.
Beto lembra que esta é a terceira vez que está como presidente, que os dois deputados federais são seus vices no partido, e que o deputado estadual Elton Weber, também da Chapa 2, integra a atual executiva. “O estranho no argumento dos companheiros e que eles querem renovação só para o meu nome. Se estivessem alijados do comando, até dava para entender, mas não é isso.” Beto rejeita também as avaliações de que falta democracia em sua gestão. “Eu trabalho em grupo. E quero ser presidente pela última vez para conduzir o processo eleitoral de 2018. Há um desejo muito forte no partido de que eu retome a candidatura ao Senado, e, para que esse diálogo ocorra no nosso partido e com os outros, é importante que eu esteja na presidência. O foco do comando partidário não pode ser a reeleição de deputados, mas sim o fortalecimento do partido e seus grandes projetos”, alfineta. Stédile, por sua vez, lembra que seu grupo apoia a candidatura de Beto o Senado, mas que ela não pressupõe sua manutenção como presidente. “Uma coisa não depende da outra. A Ana Amélia nunca presidiu o PP e nem o Paim precisou presidir o PT para se eleger.”
Nos bastidores e fora deles, a troca de acusações sobre os métodos empregados na busca pelos votos dos delegados se intensificou nos últimos dias. “As eleições para deputado federal são em 2018. Então, em 2018, o município que recebeu valores de emendas parlamentares é que pode ou não mostrar sua gratidão com determinados candidatos. Agora, usar emenda parlamentar para cabalar votos para a direção partidária é algo bem estranho à nossa tradição”, dispara Beto. “Jamais faríamos este tipo de negociação. Tanto que posso citar dezenas de municípios para os quais obtive emendas e que na eleição deste sábado apoiam o Beto, como é o caso de Lagoa Vermelha, Vacaria, Cristal e tantos outros. Eu obtive emendas para quase todos os municípios onde está o PSB e para onde ele não está também. Não fiz o que o Beto já fez várias vezes, de dar emendas só para os amigos”, responde Stédile.
Partidários do grupo dos deputados reclamam de que, para se manter no comando, interlocutores de Beto acionaram emissários do governador José Ivo Sartori, alertam para a possibilidade de troca de cadeiras no Executivo caso o ex-deputado saia derrotado das eleições deste sábado e acenam com indicações para novos apoiadores. “Não vou acusar o Beto de usar os cargos do governo para obter votos porque não é assim que eu ajo”, resume Stédile. O PSB tem hoje duas secretarias no governo, a do Saneamento, Obras e Habitação, comandada por Fabiano Pereira (do grupo de Beto), e a do Desenvolvimento Rural (SDR), comandada por Tarcísio Minetto e dominada por membros da Chapa 2. Além da titularidade das pastas, o partido detém mais cerca de 170 cargos na estrutura da administração. Mas partidários insatisfeitos com a forma como os espaços foram preenchidos apontam ainda que dezenas de candidatos a deputado que não se elegeram não tiveram seus esforços reconhecidos. “Todos os deputados estaduais e todos os federais têm cargos no governo. E uma das secretarias pertence inteira à Chapa 2. A participação do PSB na administração estadual representa o conjunto de todos nós”, rebate Beto.
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